sexta-feira, 29 de junho de 2007

UMA REFLEXÃO SOBRE: ÉTICA, MORAL, LIBERDADE, E ESTÉTICA

DO QUE TRATA A ÉTICA, E A QUE SE REFERE A MORAL?

A ética trata do comportamento do homem como ser moral, dentro da sociedade, bem como as suas ações frente aos valores morais, cujo valores devem orientar a sua conduta.
A moral refere-se ao conjunto de normas, valores e prescrições estabelecidos pela sociedade, e que rege a conduta social. É o codigo ético formado de principios e virtudes inerentes ao cidadão de bem. E diga-se de passagem é o que tem faltado à cúpula brasileira.
Liberdade é um atributo concedido ao homem, para que ele possa fazer uso do seu livre arbitrio, afim de pensar escolher e decidir, esta liberdade pode ser interna onde não há limitações ou coerção social, e pode ser externa, onde o homem vive uma liberdade condicionada, pelas normas e prescrições, ou seja por padrões sociais.
Do ponto de vista biológico o homem já nasce limitado pelas leis inexoráveis da natureza, mas ao nascer conquista a liberdade de existir. No meu entender buscamos a continuidade dessa liberdade, em todas as áreas da nossa vida, quer nas ações, quer nos pensamentos, quer na criatividade, ou através do conhecimento, pois o conhecimento liberta.
" É preciso bem conhecer para melhor agir"Sócrates.
Estética, é o estudo racional do belo, do sentimento e da percepção, portanto, o que há de inseparável e que causa a admiração estética, é a idéia do belo ético, da beleza interior, onde deve habitar a essência Divina no homem, e isto é um processo; quando admiramos a beleza estética, buscamos transcender para o belo mais sublime que os nossos olhos materiais não podem alcançar, mas que é teorizado no belo estético.
Refletindo de forma sintética sobre a nossa sociedade, vemos na realidade que ela vem valorizando mais o estético em detrimento ao ético, valoriza as formas, a sensualidade, o prazer conquistado pelos sentidos, ignorando os valores morais, o homem da sociedade pós-moderna, luta em busca do ter, o possuir é mais importante que o ser, a guerra para atender aos desejos, tem contribuido para que fique impossivel a cada dia viver uma filosofia moral.
Por isso as pessoas a cada instante tornam-se mais robotizadas, e insensiveis esquecendo os valores a ponto de banalizar a vida. "A luta do homem pós-moderno como sempre é para distinguir-se do outro, porque isto também dá prazer, embora as vezes custe-lhe muito, mas, só o distinguir-se por fazer o bem gera riqueza eterna" (Pe. Antonio Vieira)

Isaias R. Pereira
Acadêmico em Teologia e Psicanálise Clinica.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

A HERMENEUTICA DO SER E A CRISE NO CRISTIANISMO UMA REFLEXÃO

Tudo que é sólido desfaz-se no ar
Max Web



Diante das constantes mudanças, rumo à consolidação da Pós-modernidade a influencia da globalização, e os seus instrumentos como a secularização e a racionalização, que traça como característica indiscutível o perfil do novo século; tem deixado instituições que não se prepararam para o presente momento em dificuldade de adaptação.

O cristianismo que nasce e se firma desde o primeiro século, enfrentando um mundo conflituoso, dominado por Roma, e sob a preponderância da helenização, hoje no limiar do novo milênio enfrenta uma crise de identidade.
Onde se encontra a identidade do cristão moderno? Qual o seu verdadeiro perfil? Quais características devem ser notórias para que se firme como verdadeiro cristão? Como fazer a diferença num momento em que o verdadeiro e o falso se confundem? Onde a inversão de valores é cada vez mais gritante, onde se relativiza a essência e o absoluto são aplicados a coisas fugazes; Quem vale mais na presente conjuntura, a ética ou a estética? Muitas igrejas tem perdido a essência do cristianismo, quando relativizam valores da alma que devem ser trabalhados, e absolutizam costumes e dogmas que são utópicos e relativos.

Refletindo sobre a hermenêutica do ser, na presente época, observamos como alguns cristãos têm se debatido entre a cruz e o altar, a influencia das mudanças sociais, tem levado muitas igrejas conservadoras de um discurso ortodoxo radical, e que não se prepararam para acompanhar o carro da história, a dificultar até a vida espiritual de muitas pessoas, a igreja pós-moderna em muitos lugares tem perdido o foco salvifico, quando deveriam estar preparadas para levar o Evangelho que transforma e liberta, trazendo vida abundante a alma perplexa, como Felipe estava preparado na unção do Espírito para acompanhar a velocidade do carro do Eunuco puxado por cavalos de raça, enquanto dialogava com ele, a igreja tem que saber interagir, tem que estar preparada para entabular o dialogo com a presente geração enquanto corre; é preciso muito fôlego do Espírito Santo, e sabedoria para saber contextualizar a sua mensagem na presente geração.

Fazer missão é valorizar o ser, e fazer missão numa linguagem pneumatologica tem apenas duas vertentes 1º ter ouvidos ungidos para ouvir o vento do Espírito. 2º ter fôlego e sabedoria para correr na direção em que o vento está soprando.“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3.8) os nascidos do Espírito tem a vida de Deus, e não fazem confusão no momento da corrida em busca do ser.

Igrejas que insistem pautar a sua doutrina em dogmas, usos, e costumes, têm servido mais de instrumento de opressão que de libertação, e por isso o rebanho sob seus cuidados tem estado cada vez mais apático e enfermo, porque tem lhes faltado o alimento sadio encontrado na exposição da palavra tal qual ela é, principalmente aqueles mais jovens com uma mente mais dinâmica e critica, estão confuso com o padrão de santidade delineado pelos seus lideres.

Jesus veio a fim de trazer vida em abundância e para isso veio em poder potencia, destruindo os grilhões da morte e da opressão, para que o Ser encontrasse a liberdade, e delegou esse mesmo poder a igreja para que concluísse o seu ministério de libertação, porém muitos dos que dirigem o rebanho tem se colocado como intermediários da fé do povo exercendo o poder sobre, poder não delegado pelo Senhor da Igreja o poder sobre oprime, obscurece e mata; o poder potência despedaça os grilhões, liberta a consciência trazendo o conhecimento da verdade de Cristo, nutre a auto-afirmação do ser e gera a vida.
Jesus no seu ministério investiu todo o seu tempo no resgate do ser. Ele não gastou tempo com prescrições, com a tradição, com a religiosidade, mas estava consciente que os negócios do seu pai não eram outro senão investimento no ser. Jesus lutou a ponto de entregar a vida pela a integridade do ser, Ser, integro é ser inteiro completo e irrepreensível é ser coerente entre aquilo que fala aquilo que ouve e aquilo que vive, que tem os conflitos do mundo interior resolvido pelo Espírito Santo, pode enfrentar com equilíbrio os conflitos do mundo exterior, Jesus investiu pesado na essência do ser, o caráter é a essência do ser, a proposta do evangelho é tratar caráter; alguém já dissera: "quando se perde a saúde nada se perde, quando se perde a vida, algo se perde, porém quando se perde o caráter tudo se perde".

Cristo fôra um Ser grande e transparente, tornara-se pequeno para tornar grandes os pequenos, isso é graça, graça é poder que suplanta os nossos limites; na prática nem sempre podemos transigir com as limitações do ser, assim como a lua é pequena e às vezes coloca-se entre a Terra e o sol ocultando-o fazendo sombra, o ser é grande, mas pequena coisa pode eclipsar o ser, quando a aparência toma lugar do ser encobre a sua essência, e o ser pode ser manipulado pelo poder que o coloca a serviço de algo, sobre o controle, tutelado, conduzido; todas as prescrições humanas, normas tradições para nada serve senão para sustentar o poder do sistema implantado, o ser, porém permanece num plano secundário, sendo explorado, nas suas consciências, energia, finanças e fé, enquanto mendigam pelo conhecimento do verdadeiro propósito de Deus, o ser é para ser servido, e não pode ser subjugado ou julgado pelo ter.
O acessório não pode tomar o lugar da essência. Deus disponibiliza a sua graça, a fim de construir e fazer crescer o ser, e a igreja tem uma missão importante nesta tarefa. O ser é a causa e o sujeito, o estimulo de todas as causas religiosas, não podem ser tratados como objetos. O ser tem várias personas e a religiosidade é uma persona ainda mais rigida, há ai o perigo dessa persona engolir o ser e o tornar refém. O fazer é uma expressão do ser porque o homem é ação, e não o titulo que ele ostenta, pois: Um é o que semeia, outro é o semeador, um é o que governa, outro o governador, um é o que pastoreia, outro é o pastor. Enfim, quando o homem faz ele é, e está enquanto faz, quando não há ação, ele apenas ostenta o simbolo da persona.

O templo, as prescrições e tradições não podem valer mais que as pessoas, as instituições foram feitas para as pessoas, e não podemos coloca-la acima delas, nossa missão é sacaralizar as pessoas, para isso Deus disponibiliza a sua graça para a igreja, por intermédio de Jesus Cristo, de uma maneira multiforme, a fim de que o caráter do ser seja sarado.
Queira Deus que estejamos conscientes de todo esse processo, para que possamos conduzirmo-nos bem nesta missão.

Isaias R. Pereira
Acadêmico em Teologia e Psicanálise Clinica