quarta-feira, 3 de junho de 2009

A BIBLIA E A INTIMIDADE DO CASAL. SEXO ANAL E ORAL É PECADO?

Enfim, abrindo um parentese em outras atividades, voltamos ao contato com o nosso blog, e desta feita quero abordar um assunto complexo, polemico e que no meu pensar, tem gerado insegurança para muitos de nossos lideres, que por falta de coragem para dizer a verdade, ou falta de habilidade para faze-lo, ou falta de tempo para sentar e pesquizar de forma exaurida assuntos de suma importancia; então empurram para a biblia responder o que ela não diz. Bem, não desejo me ater as faltas, pois sei que ainda falta em nós muitas coisas até chegarmos a estatura de varão perfeito.
Desejo tão somente me ater a questão que sempre surge quando estamos palestrando para casais, e quando tratamos da intimidade do casal, logo vem a pergunta de autoria velada, claro.
O SEXO ORAL E ANAL É PECADO? A BIBLIA CONDENA? TEM APOIO BIBLICO? Ora quando tentamos responder com clareza e sinceridade aquilo que verdadeiramente a biblia diz; então começamos a desconstruir conceitos pré-formados, ou deformados acerca do assunto, conceitos que foram tomados como verdade; só que as nossas verdades não são absolutas, e sendo assim, estão passivas de desconstrução.
Mas, nem todos estão prontos para enfrentar desconstruções, e então quando começamos a desconstruir a luz da própria biblia, começamos a mexer com o material inconsciente dos mais "espirituais" e eles, automaticamente se manifestam furiosos, não sabendo que apenas expõe os seus sintomas.

ENTÃO? SEXO ORAL E ANAL É PECADO?

A biblia não fala em momento algum se essa pratica é pecado, ela silencia quanto a intimidade do casal, exceto em CANTARES que é um livro poetico porem com insinuações bastatantes saudaveis para as pessoas que gostam de amar. Isto é, não sofrem de EROFOBIA.
Partindo do pressuposto de que pecar é errar o alvo, é desobedecer, e só desobedecemos quando há uma ordem tácita ou expressa, só erramos o alvo se tiver alvo para errar. Também não há crime sem lei anterior que o defina, portanto não há pecado sem que haja uma definição expressa da biblia. Paulo diz: Rm. 7.7 Que não conheceu o pecado senão pela lei.
Então eis a questão. Sexo anal e oral entre o casal é pecado?

No meu entender a biblia silencia sobre isto; todas as referencias biblicas acerca dos pecados sexuais, apontam para as direções pré-marital e extra-marital, quanto a situação intra-marital a biblia aponta para Cantares de Salomão.
Exceto em cantares como já falamos. Encontramos na BEP.(Biblia de Estudo Pentencostal pg.192) Padrões de Moralidade Sexual. Que: "....... Os prazeres fisicos e emocionais NORMAIS, decorrentes do relacionamento conjugal fiel, são ordenados por Deus e por Ele honrados"

Espero que eu seja entendido; não estou defendendo tal pratica, só estou afirmando que a luz da biblia não posso dizer que tal pratica seja pecado, até porque não encontramos na biblia onde podemos ou não introduzir o pênis, porém sabemos que há diferença entre o que é pecado e o que é ANORMAL, visto que geralmente o anormal é doença, se bem que a anormalidade colima para o pecado, mas, nem toda anormalidade coligi com o pecado, principalmente quando não há uma lei expressa.

Eis uma questão de consciencia e maturidade: Vejamos; 1Co 6.12 "Todas as coisas me são licitas, mas nem todas as coisas me convêm; todas as coisas me são licitas mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." Ainda 1Co 10.24 " Ninguem busque o proveito proprio antes, cada um, o que é de outrem"

ENTÃO: 1º LICITO= Conforme a lei, permitido por lei, justo.
2º CONVÊM= do verbo CONVIR= concordar, admitir, ser conveniente.

Portanto a questão do sexo oral e anal é mais uma questão ética do casal, e de consentimento mutuo, que uma questão de pecado. Analise 1Co 7.4, então na intimidade do casal o amor é o limite, dai a frase de Stº Agostinho um dos pais da igreja "Ame e faça o que voce quiser, pois o que for feito por amor não será pecado" Se o marido ama a esposa, jamais vai submete-la a constrangimento, obrigando-a a compartilhar de pulsões as quais ela não se acha a vontade para ser cumplice; no entanto, se ela compartilha e gosta a situação já é diferente.

Então prossigamos; Olhando para o lado ético, entendemos por ético tudo aquilo que está dentro dos padrões da comunidade em que vivemos, portanto é um fato social.

Pergunta-se esse tipo de intimidade pode ser normal tendo em vista o desvio de objeto e de objetivo? Desvio de objeto (substituição do local da introdução peniana, por outro que venha causar desconforto/sofrimento, pode ser o ânus, outro local ou objeto) Desvio de objetivo ( não somente o prazer, mas a reprodução é o objetivo da união do casal, e nenhuma mulher pode ser fecundada pelo ânus, por ser este um órgão de excreção e não de recepção).

Quando nos deparamos com está pergunta estamos diante de uma questão de NORMALIDADE/ANORMALIDADE, onde permeia as demandas psicopatologicas, e não somente é uma questão biblicamente ética.

Como psicoterapeuta, fico preocupado com a situação de algumas pessoas do rebanho, pois quando nas palestras surge perguntas desse tipo, tenho certeza que alguém está sofrendo de uma forma ou de outra, e se perguntam é porque desejam libertar-se ou ao menos aliviar-se da sua neurose, ou do seu algoz patológico (quando está sendo vitima)

As escolas(correntes) de Psicopatologia, não define um padrão de NORMALIDADE, deixando portanto esse mister por conta do sofrimento. Então fica o enigma; aquilo que parece anormal torna-se normal se não houver sofrimento, ou se houver uma cumplicidade, e, se o ato não for a única maneira de obter o prazer. Isto é, se o homem ou a mulher faz desse ato o seu único meio exclusivo de encontrar prazer, tendo relação só dessa forma, então estamos diante de uma patologia e não de um pecado. Como é o caso do usuario de drogoas, que é um dependente, um doente, portanto uma vitima; porém o traficante é um criminoso e as vezes nem usa a droga.

Por fim, quero deixar claro também que existe a influência da dimensão espiritual, e que na linha de combate entre a alma e o espirito existe influencias máleficas que lutam contra Deus atacando e oprimindo o homem coroa de toda a criação. Por isso devemos submeter nossos desejos e fantasias sob o comando de um espirito reto e uma alma quebrantada. Contudo, tomando o cuidado para não espiritualizar o ato sexual, ficando limitado e limitando o outro, no atendimento pleno dessa necessidade vital.

Excluindo as peversões; mulher e marido deverão se entregar um ao outro sem reservas, e experimentar todos os prazeres que uma relação intima oferece, sem peso algum na consciencia ou sentimento de pecado contra o Espirito Santo. Digo entregar-se sem reserva no sentido de que todos os impulsos sexuais devem ser desbastados entre o casal, de modo que não reste pontos de fulgor, para as tentações; isto é, ambos fiquem esvaziados de pulsões e abastecidos de satisfação. Para isto faz-se necessario maturidade na intimidade que só poderá ser alcançada com transparencia, sinceridade, respeito, e cumplicidade acima de tudo, sem que haja vergonha um do outro.
Quero concluir este bloco dizendo que: Infelizmente há ainda muitos cristãos meninos, que dependem de que os pais lhe digam o que devem ou não devem fazer; o que está certo ou errado; eles ainda precisam de Aio alguem que as tomem pela mão e as conduza, porem, não podemos ficar meninos o tempo inteiro precisamos crescer, e só ai teremos condições para andar conforme a luz de uma consciencia adulta em Cristo, para discernirmos o que é BIBLICO, o que é ANTI-BIBLICO, e o que é EXTRA-BIBLICO."Nenhum cristão pode ser verdadeiramente cristão, se ele não entender que deve ser plenamente livre para agir conforme a sua consciencia"(João Calvino)
No proximo bloco estaremos tratando das perversões sexuais, denominações e conceitos.
Isaias R. Pereira
Teologo/psicoterapeuta
Psicanálise Clinica/Analise Transacional

sábado, 14 de fevereiro de 2009

RELIGIÃO, MANANCIAL DE FORÇA OU DE FRAQUEZA?

UM PONTO DE VISTA, NADA MAIS É, QUE A VISTA DE UM PONTO OLHADO DE UM DETERMINADO ANGULO.


Escrevendo sobre O HOMEM A PROCURA DE SI MESMO; Rollo May, destaca o seu ponto de vista sobre a religião.


Com todas as suas bonificações a religião tem sido ao longo dos séculos um manancial de fraqueza, tendo em vista canalizar o homem para fora de si mesmo, ensinando-os a encontrar segurança proteção e cuidado por parte de lideres ou de Deus; sendo-lhe impostas regras e proibições as quais devem cegamente serem obedecidas, a fim de alcançar a felicidade.
A obediencia acima de tudo funciona como garantia para a obtenção de uma felicidade que as vezes não é alcançada trazendo frustação e vazio ainda maior.
A religião deveria funcionar de forma a conduzir o homem habilitar-se a administrar a sua solidão e ansiedade, interagindo com o seu vazio interior; buscando ser criativo .
O uso incorreto da religião afirmativamente tem se tornado um manancial de doenças, a religião bem com a filosofia quando bem usadas tornam-se instrumentos harmoniosos para fazer o homem entender e aceitar a sua realidade interior e com ele conviver, encontrando-se consigo mesmo. Criando no vazio e dissipando a insegurança emocional e as duvidas, cuidando de si mesmo e encontrando com Deus em meio a sua desarrumação interior.
A religião torna-se manancial de fraqueza, quando aumenta a dependencia e mantem o homem no seu estado infantil; a religião patológica fragiliza a vontade, e dar força para que o homem evite a ansiedade oriunda do exercicio do livre arbitrio, que lhe conduz a liberdade e responsabilidade subjetiva.
A religião torna-se mancial de força, quando traz saude , servindo de base para a aut-afirmação, dignidade, fundamentada por uma aceitação corajosa de suas limitações e ansiedade normal.
Enfim a religião torna-se manancial de força quando corrobora com a emancipação do Ser.
Infelizmente temos vivido epoca, em que a observação feita por NIETZSCHE;.tem sido verdadeira .............De onde parece derivar essa fraqueza intestinal e essa neurastenia que são inerentes quase inevitavelmente a todos os sacerdotes de todas as épocas. E como não afirmar que o remédio que preconizavam para combater essa disposição doentia era mil vezes pior que a doença que deveria curar. Toda a humanidade está sofrendo as consequencias dessas ingenuidades terapeuticas dos sacerdotes.